29 outubro, 2006

MUJERES


Tive dias que foram mais que de cão
foram mitológicos
coisas de tártaros
astrolábios
pigmalião

não ouve cimento
estrutura
nem pilar
cadeado
foi preciso chorar
expulsar o endemoniado
foi preciso escrever
tecer algum fio pra enforcar o endiabrado

foram dias de lúcifer
de tristão
saudades de um elo perdido
uma ilha parnaso

foi preciso algum laço
pra acordar o endiabrado

Não teve cristo
nem deus
nem ninfos
nem zeus
não teve igreja universal
nem açucar
nem sal

não teve soma
nem bio
eletrochoque
piada
foi preciso chorar rios
escrever linhas
incalculadas

Camille claudel foi internada em1913 num asilo psiquiátrico,morreu em 1943 vítima do tratamento psiquiátrico de seu tempo e do abandono familiar.Tive a felicidade de ver a exposição de camille em 1998 no MAM em São paulo,é de chorar e morrer de ódio, daquele Paul Claudel, seu irmão que nada, fez para mudar a situação.

posted by mamaezinha querida- CRIS

A Cris é uma grande poeta, cantora, atriz e educadora. Mulher de garra, amiga das horas ruins e de farra. Já rimos e choramos muito pelas ruas e praias e cidades por aí. Já trabalhamos juntas, bebemos, viajamos, saímos. Vi ela amar, casar, separar, casar,sofrer, parir, cessar e nunca para de gestar. Mulher de idéias próprias, sem vergonha, mulher vadia como eu, que gosta de se putiar com as palavras e nunca desiste do amor. Convidei ela para escrever comigo, por que às vezes canso de mim, sabe? Temos um projeto com o Paulo, que é artista plástico amado, de produzir juntos por aqui. Quem sabe rola, quem sabe não. São tantas vontades, idéias e às vezes, mal conseguimos nos ver. Mas, os aniversários são sagrados e consagrados. Por isso, meus bens, tô esperando vocês.
Quanto à Camille, eu visitei o museu do Rodin e acontece uma coisa muito louca. As obras dela estão por lá, espalhadas e não se sabe o que é mais lindo. Um dos maiores motivos dela enlouquecer foi não ter tido o reconhecimento como artista. Sabem como é, o mundo já foi mais falocentrico do que é hoje. Mas, muitas grandes criaturas enlouqueceram e só foram reconhecidas mais tarde. Afinal, buscamos isso, seja aqui, nesse humilde espaço virtual, seja no mundão por aí afora.
Thanks Cris, por tua poesia e teu olhar que sempre melhora o meu!
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VALE A PENA VOTAR(AINDA QUE NÃO SEJA EM GOVERNANTES)

Está aberta a votação para o Fato Literário da RBS no período da 52ª Feira do Livro. O Programa de Leitura Adote um Escritor é um dos concorrentes. Conheço o projeto e recomendo a todos que votem, pois além de um estímulo em dinheiro o Fato Literário dá boa visibilidade ao premiado. Adote um Escritor é promovido pela Câmara Rio-Grandense do Livro e coordenado pela jornalista Sônia Zanchetta, que tem sido incansável em seu trabalho de levar leitura por meio de diferentes projetos educativos.
O Programa tem sido fundamental no estímulo ao hábito da leitura, bem como o convívio de alunos das redes municipais e estadual de educação com importantes escritores do nosso Estado.
No site abaixo, vocês encontraram os caminhos para votar.
A boa leitura e enriquecimento cultural deste país agradecem o apoio de todos.

MÙSICA MAESTRO

Às vezes a resposta está no ar, ou num encontro com um
apaixonamento que se atualiza. Ouvir Blues do Bob Dylan fala um pouco desse tipo de sensação. Remete a algum lugar da adolescência em que algumas canções e vozes sempre vão nos remeter. Como prá mim a dolescência é sempre uma boa reinvenção(para que nossas almas não envelheçam no sentido de sentirem-se gastas), amei entrar emcontato com esse som. Ainda mais ouvindo ao cheiro de jasmim, por que todos jasmineiros da minha casa estão em total florescimento. Às vezes é tão fácil se sentir feliz!
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24 outubro, 2006

GRANDES HISTÓRIAS NA CULTURA



GRANDES HISTÓRIAS NA CULTURA
Entrada Franca

DOM CASMURRO, de Machado de Assis

com Flávio Azevedo e Lucia Serrano Pereira

Dia: 26 de outubro (quinta-feira)

Hora: 20h

Local: Livraria Cultura (Bourbon Shopping Country – Av. Túlio de Rose, 80 – Loja 302)

Realização: Associação Psicanalítica de Porto Alegre (APPOA), Livraria Cultura e Pós-Graduação em Letras da UFRGS

Considerada a obra-prima de Machado de Assis e um dos romances mais famosos da literatura brasileira, Dom Casmurro é o tema da última edição deste ano do Grandes Histórias na Cultura em 26 de outubro (quinta-feira), às 20h, na Livraria Cultura. O professor de Literatura Flávio Azevedo e a psicanalista Lucia Serrano Pereira são os debatedores desta edição.

Na opinião de Flávio Azevedo, o que há de mais fascinante em Dom Casmurro é o narrador criado por Machado, Bento Santiago, que, com o pretexto de narrar a história de sua vida, tenta elaborar a dúvida da traição, afirmando a certeza: “O personagem expõe suas fragilidades e inseguranças, acusa o ciúme, ao mesmo tempo em que dirige-se ao leitor como quem busca a absolvição na hora da confissão”.

Lucia Serrano Pereira destaca a presença de um fundo de mal-estar na narrativa ficcional das memórias de Dom Casmurro, que tem como articulação importante a voz de seu narrador, incerto, moderno. A psicanalista lembra que, pelo viés da psicanálise, a temática do mal-estar é a via pela qual Freud interroga a condição do homem na cultura: “Encontramos em Dom Casmurro as questões da subjetividade que concernem à angústia, ao estranhamento, ao real que temos, cada um, que dar conta na vida cotidiana, tramada com as ficções que nos constituem”.

21 outubro, 2006

ESCREVER NAS PAREDES

GENTILEZA
(Marisa Monte)

Apagaram tudo
Pintaram tudo de cinza
A palavra no muro
Ficou coberta de tinta
Apagaram tudo
Pintaram tudo de cinza
Só ficou no muro
Tristeza e tinta fresca
Nós que passamos apressados
Pelas ruas da cidade
Merecemos ler as letras
E as palavras de Gentileza
Por isso eu pergunto
A vocês no mundo
Se é mais inteligente
O livro ou a sabedoria
O mundo é uma escola
A vida é o circo
Amor palavra que liberta
Já dizia o profeta

"NÃO DIGA MUITO OBRIGADO, DIGA, MUITO AGRADECIDO, NÃO DIGA POR FAVOR, DIGA, POR GENTILEZA"

José Datrino, nascido no interior de São Paulo foi morar no Rio quando tinha seus 20 anos. Em 1961, sete dias após uma tragédia em Niterói, o incêndio do Circo Americano, Datrino recebeu um chamado divino e dedicou o resto de seus dias a consolar as pessoas, perdoando-as e ensinado-as a perdoar umas às outras. Chamava a todos de Gentileza. Daí o apelido. Vestido como um apóstolo, pregava nas barcas Rio-Niterói. Nos anos 80, pintou seus escritos nas pilastras do Viaduto do Caju, com um tipo de letra muito peculiar e na altura exata para quem passava de ônibus pelo local. Um dia, um ogro qualquer mandou apagar seus escritos com cal. Felizmente um professor universitário conseguiu organizar um movimento de recuperação e tombamento dos escritos do Gentileza, cuja história acabou imortalizada na música de Marisa Monte. Gentileza morreu nos anos 90, aos 79 anos.
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O DIA DO JUÍZO FINAL

Artista ou louco? O Bispo do Rosário, em 1995, representou o brasil na Bienal em Veneza. Onde era seu ateliê? Na cela sempre aberta de um hospício no Espirito Santo. Foi encontrado por Samuca, o filho do jornalista Samuel Weinner. Seu famoso manto, feito para ser usado no dia do juízo final é todo bordado, as escritas marcam sua produções, assim como as suas coleções fascinantes de restos, antes sucata, nas mãos dele, bricolagem. Tive a chance de ver sua obra na bienal em São Paulo e uma peça sobre sua vida na Bahia e depois aqui, no Porto Alegre em Cena. Seu delírio, como todo delírio é um tecido de fragmentos de sua vida. Não sou artista, ele dizia, e nós que nos chamamos normais, mandamos sua produção para exposições de arte. Vocês não imaginam o que é beleza desse manto e o sofrimento do Bispo, na sua constante tentativa de bordear, bordar um contorno para sua fragmentação do ser.
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ESCRITA

começo aqui e meço aqui este começo e recomeço e remeço e arremesso e aqui me meço quando se vive sob a espécie da viagem o que importa não é a viagem mas o começo da por isso meço por isso começo escrever mil páginas milumapaginas para acabar com a escritura para começar com a escritura para acabarcomeçar com a escritura por isso recemeço por isso arremeço por isso teço escrever sobre escrever é o futuro do escrever..."(Haroldo de Campos, in Galaxias)

A gravura é uma escrita egípcia, a escrita e a pintura completamente entremeadas. O interessante dessa arteescrita é que a tradução dos hieroglifos feito por Champolion(sei lá se está certo essa grafia, por ironia), foi possível pela escrita dos nomes próprios. Sabem por que?Por serem os nomes próprios palavras, ou, como diria Lacan, significantes, que não tem significado, ou seja, não são traduzíveis. Daí, a possibilidade de descobrir a escrita egípcia pela transcrição.Detalhe: Haroldo de Campos foi o primeiro a traduzir Joyce, e podemos ver nesse trecho de Galáxias um pouco da forma de deformou a literatura com Joyce
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18 outubro, 2006

Tapa na Pantera

17 outubro, 2006

DELÌCIAS


Algumas delícias novas e antigas:

Em cd:

Delicatessen da Ana Kruger, voz de cristal em canções de super bom gosto.
Vania Bastos, no cd Clube da Esquina.
Ceumar, canta, Seu olhar do Arnaldo Antunes, uma das músicas mais apaixonantes que conheço, simples e que diz muito.

Em dvd:

Lenine, no acústico mtv, divino, como se espera de um deus.
E antigo e sempre atual, The wall, do Pink Floyd, inesquecível, memorável, uma viagem super contemporânea.

13 outubro, 2006

VOCÊ E VOCÊ


Você você
Gilberto Gil

Diz o I Ching:
Divino é saber
o que distingue
você de você

Você dos outros
Do outro você
Você do mundo
Do você do ser

Você num canto
Vive o espanto
Enquanto o outro você
Sai para viver
Por aí
Tanto pranto, tanta dor
Seu irmão
Pede o seu amor

Diz o I Ching
Divino é saber
São dois no ringue
Você e você

Você que ataca
Prá se defender
Que beija a lona
Prá poder vencer

Você num canto
Apanha tanto
Enquanto o outro você
Bate demais
Deus do céu
Quanto sangue pelo chão
Seu irmão
Pede seu perdão

11 outubro, 2006

ENDURESSÊNCIA


Neste primeiro do ano algumas inconclusões
em andamento:

Gosto da rua
como se ela fosse minha
ando nela
na madrugada

encontros antigos
comigo

Fogos de artificio são estrelas cadentes
nos enchem de esperanças
e pedidos
merecem palmas de alegria
Os amigos são os fogos do cotidiano
No meu todo dia,
quero comida do Ocidente
café e companhia deles
-minhas virgulas-
momentos de fôlego
para voltar aos meus leões

Mais que Rússia, Lituânia ou Israel
O Brasil é meu país,
não importa seus holocaustos,
suas direitas
e trincheiras
nas sinaleiras
mãos em riste

- Meu país é terra prometida -

A solidão é minha paz
Mas gosto de luta
De reuniões de singularidades
dos coletivos

Os homens vem em diferentes versões
Busco sua enduressência
macia, penetrante
Só sei penetrar nas palavras
O resto ]
que me foda

As crianças têm seus infernos
e a minha nunca esqueceu
mas também
nunca esqueço dela

Queria ler mais,
malhar mais,
dançar mais,
doar mais,
ganhar mais,
viajar mais,
transar mais,
me posicionar mais,
perdoar mais

Mas rio e choro o suficiente num dia por uma vida


Borboleta vive três dias
de eternidade
a larva
não sabe

Sinto falta do mar
dos amigos que não sei
dos amores que não via
das batalhas que nem sabia
tavam lá!
mas eu só travava as minhas

Tudo se transforma aos poucos
parece que não muda
mesmo e diferente
novo
dia a dia
matéria bruta
quer ser minha energia?

Elaine



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08 outubro, 2006

E AGORA?

Cuba, quem não quer conhecer este lugar paradoxal? Praia caribenha, medicina alternativa, índice de analfabetismo quase zero. Ditadura de esquerda, mas pobreza sem miséria. Que mistérios reserva Cuba para nosotros?
Tudo começou quando procurei o Doutor Alexandre para me orientar.
- Orientação sexual, ele perguntou?
- Não, orientação para meu trabalho sobre escrita, quem sabe para o doutorado... contigo... na Comunicação?
- Mas tu não é da Educação?
- Mas queria fazer contigo.
- Manda então teu projeto para o Congresso internacional de Cuba para começar um link... Daí vamos juntos em janeiro.
- Mas nem tenho nada, só as entrevistas e as idéias.
- Manda um resumo.
Mandei, foi aprovado e agora em um mês tenho que mandar o trabalho. Muito legal, o que faço antes, as malas ou trabalho? Cadê meus biquines. Socorro!
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PSIU, PSIA


1. Eu odeio a Brasil Telecom. Depois de uma semana sem internet, agora fico sem telefone. Mudo de número, de companhia, de planeta, mas não fIco mais com esta buesta.
2. Quais os poetas preferidos do Arnaldo Arnaldo Antunes? Haroldo de Campos, Augusto de Campos e Leminsky. E os meus? Os mesmos. Não é à toa esse tipo de apaixonamento. Isso não é QUALQUER coisa. Qualquer, o último cd do poeta da semiótica. Doce, suave, um titã amaciado, de voz rouca e poesia em riste.
3.Se um viajante numa noite de inverno, um romance do Ítalo Calvino em que você leitor, é o personagem principal. Envolvente e diferente. Vale à pena.
4. Gotam Project, tango contemporâneo, que baita som. Agradeço o amigo que me aplicou e recomendo para todo mundo.
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DEPOIS

S
I
O
P
E
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ANTES

A
N
T
E
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05 outubro, 2006

BAGA


Tradicionalmente baga é abreviação de bagaceiro, que todo mundo sabe como usar. Tem a baga sexta, que inclusive tem nessa sexta, dia seis, que é uma festinha prá lá de bagaceira, mas que a gente se diverte de tão absurda.
Mas, há umas duas semanas, baga tem sido vista com outra significação. Graças ao deslizamento do significante, como diria Lacan e graças a um conto do Charles Kiefer. O conto foi indicado para a querideza da Liza, da oficina. A Liza é dona de um blog muito legal, o petitnoir.blogspot...
O causo é o seguinte: a baga é um certo encosto que às vezes a gente carrega. Você já se sentiu invisível? Já sentiu que seu olhar atravessa o outro e nada, mas nada do que tu gostarias, acontece? É a baga. É preciso expeli-la, vomitá-la, exorcisá-la. Né, negrinha?

03 outubro, 2006

CAFÉ DA MANHÃ EM PLUTÃO


Neil Jordan volta a nos encantar. Mas, agora de uma forma surpreendente. Pode existir literatura sem escrita? É o que eu fiquei me perguntando a partir do personagem que faz o papel principal. Pura poesia. Ele vai contando sua história e recontando, ele não escreve, mas faz um enredo literário-poético na medida que se reconta. Faz sua inscrição a partir da versão que cria para sua vida. É lindo, lindo, lindo! A trilha sonora é maravilhosa. Tem política sem ser um filme bossal. Aborda estigmas sem ser estigmatizante. Fazia tempo que eu não ria numa comédia, não me emocionava com uma história, não poetizava no cinema.

02 outubro, 2006

EDIFICIO OU É DIFICIL

Sem computador, ele pegou um vírus, como fui ingênua, abri aquele e.mail, afinal, pensei que a Gaby fosse aquela amiga da amiga da amiga... não era, foi um cavalo de tróia. Resultado: das cinco às dez, no domingo, ficamos na frente daquela tela, tentando dar conta do bicho. Apaga tudo e reinstala de novo. Tudo certo, mas e a conexão rápida da adsl? Não funciona. Desafio: ligar para a Brasil telecom- minha senhora, agradecemos muito seu telefonema, aguarde só mais um instante- e eles resolverem o problema. Não resolveram. Eis-me aqui, num cyber café, feito uma nerd, sentada postando algo que dê sentido.
Antes disso tudo, ou seja, antes das cinco do domingo, fui na República, após votação. Votar esse ano foi dureza, precisava desopilar um pouco. Sabem o que lembrei? Que já tive ataque de nervos em engarrafamento na Cidade Baixa em dia de eleição. De tanta gente indo fazer festa. As bandeiras eram de pano, artesanais, os eleitores eram militantes de verdade. Mas, ontem não. Ontem tinha lugar para estacionar na frente do boteco. E salvo os meus amigos inexplicavelmente convivtos, não tinha bandeira, nem festa, nem alegria, nem esperança. Tinha cerveja, mas uma bola de sorvete não tinha, só vendem três. Foda-se. Não comi nenhuma.
Hoje fico sabendo que o Collor foi eleito e que o Simon não disputa com mulher e que a Yeda, embora seja mulher, me assusta muito.
Ai,ai, ai, só posso evocar uma cena do Humbertinho, quando tinha uns três anos, no colo da mãe. Ela mostrou o prédio em frente ao seu para ele e disse:
- Olha filho, o edificio.
E ele respondeu:
- É mamãe, é dificil.