18 agosto, 2006

O BEIJO

Beijar pode ser uma arte ou, pode ser simplesmente fazer arte. Pode ser uma passagem, pode ser um instante eterno e terno, pode ser um vascilo e até tarefa de gincana.
Nesse verão encontrei o "meu primeiro beijo". Ele era na época um guri magro, alto e cabeludo. Mas, quem encontrei era um cara meio gordinho e careca, que dizia se lembrar de mim da praia. Eu disse que achava que ele devia ser de alguma parte da turma da praia que eu convivia pouco e que, sentia muito, mas não lembrava dele. Depois, falando com a irmã desse senhor, os neurônios conectaram, as relações foram feitas e lembrei. Lembrei do olho puxadinho dele e do seu apelido. Queria voltar e dizer, nunca esqueci de ti, nunca esqueci daquele carnaval em que tive a coragem de sentada no meio do salão, passar a noite inteira ensaiando aquilo que é uma das maiores delícias da vida: beijar na boca. Não me lembrava do cara, até por que já era outro e não aquele que beijei. Mas, também, nunca me esquecerei dele. Fiquei tomada de uma ternura enorme e por isso escrevo essa confissão. Foi muito bom, a cada beijo, meu presente.
Elaine (foto tirada da escultura: O beijo de Rodin, no museu do próprio)
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