20 setembro, 2006

ESCREVER

Há mais ou menos três semanas eu decidi que era hora de eu voltar a escrever algum trabalho. Mas, decidi também, que esse seria um trabalho com um compromisso ético: que ele fosse voltado para o meu desejo. Escrever tem a ver com isso para mim. É um encontro com meu desejo. Cheguei na seguinte tautologia: vou escrever sobre escrita. Queria um trabalho com a potência de me ensinar e me encantar ao mesmo tempo. Fui deslizando para aquilo que queria saber: será que isso que escrever produz em mim, tem fundamento para os outros, o que acontece com eles, será que podemos nos reiventar através da criação na escrita? Então resolvi procurar os tais outros. Fiz uma lista de pessoas que escrevem de diferentes formas. Aí, surgiu um sub-critério : precisava ser pessoas também encantadoras.
Agora já comecei com os encontros, vejam algumas maravilhas que eu ouvi e se não é de se apaixonar.

O amor me faz escrever. A escrita nasce como quem olha uma paisagem. A escrita entra no meu pensamento, ela é inevitável. Eu escrevo como respiro.(Dalva)

Escrever é me conhecer, é meu ofício de descoberta dos relevos que me pertencem, que se refazem que vão se criando. A literatura é meu exercício de prospecção de mim mesma, se é que existe literatura ou qualquer organização nesse sistema desmesurado de expressão em que me procuro, me perco, me componho. Não sei o quanto as palavras me determinam, ou em que medida eu as vou determinando. Sei mesmo é que as intuo pertencentes ao meu corpo, à minha pele, aos meus fluídos e que há uma permanente mutação em processo. Minha grande pretensão é que aos olhos dos outros, chegue a minha humana tradução. (Ticci)
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