05 agosto, 2006

Amor ao livro

Também sou apaixonada por livros e nunca pensei que ler blogs ou qualquer leitura de tela pudesse substituir o papel. Gosto de livros bonitos. Se a capa for linda, então, já me chama a atenção. O último da Elisa Lucinda tá uma belezura, parece um livro romântico antiguinho. Adoro os cheiros, as texturas. Gosto de ler marcando, para depois ler as marcas, refazer os caminhos. Minhas pilhas de livro têm classificações (invisíveis, só eu que sei). Tem os que gostaria de ler, começo e nunca continuo(amo Proust e nunca li um livro inteiro dele). Tem os que releio sempre por pedaços, como os do Barthes e do Nietzsche, e os de poesia que eu amo.
Tem os de contos, que adoro por que posso ir pulando sem culpa. Mas, quem já leu O prazer do texto(Barthes) é excomungado de qualquer culpa por qualquer forma de leitura. Odeio ler manuais, embora ache que seria inteligente lê-los. Me dou conta que fico analfabeta para ler instruções em novas linguagens, como a desse blog, cheio de siglas e nomes que não significam nada para mim. Já li coisas difíceis como Lacan e Joyce. Fui leitora de gibi, de Monteiro Lobato, de fotonovela e de Recreio. Agora tenho minha pilha cheia de delícias: Cortazar, Caio Fernando, Elisa, Arnaldo, Lispector. Gosto de ir comendo aos poucos, saboreando, leio anarquicamente. Agora, paro tudo para eu ler minhas teorias e preparar minhas aulas e pensar no meu trabalho: que é a leitura e escrita das crianças. E não tô fazendo isso? Então? Acho que ler é ter fome com os olhos, ter apetite de alma, é querer se jogar no Outro(o outro da linguagem). Adoro ler livros marcados por pessoas que eu amo. Adoro ler suas marcas, o que escolheram para destacar, o que lhes imprimiu algo no espirito, ou na subjetividade. Sempre quero ler o que meus amores lêem. Me sinto compartilhando e aprendendo seu mundo. Amo os livros, suas cores, texturas, cheiros, formatos, capas, folhas, letras, adoro sua alma e o bem que ela me faz. Gosto de ser atravessada pela beleza da palavra escrita, de ser transformada, remarcada por ela. Gosto da escritura no papel por que nela vamos e voltamos, lemos e relemos, para nos inscrever no texto, para sermos re-escritos por ele.