06 novembro, 2006

MINI CONTO

Ponteiro pequeno no quatro. O grande no seis. O dos segundos, insiste. O tempo parou. Três gatos andam pelas bordas dos telhados. Parapeitos inertes gemem.

Fronteira entre ócio e tédio. Vento nordeste. Tudo espera. Os músculos doem. Vamos envelhecendo sem sequer nos olhar nos olhos. Nossas marcas na pele e cabelos brancos testemunham a morte eminente. Sua flacidez indiferente e o cansaço dos assuntos nos entorpecem. No espelho uma estranha olha decepcionada para meus peitos.

Todo dia juntamos o lixo e colocamos em frente à grade que nos protege-prende. O gato amarelo, o maior e mais peludo me olha. Tínhamos tudo, menos tempo. O ponteiro dos segundos também parou. Os gemidos eram de dor. Abro a grade, esqueço o lixo, os meus peitos e me perco nos parapeitos daquele olhar castanho.

Elaine

3 Comments:

Anonymous Anônimo said...

esses gatos que não tem espelho! não reconhecem ponteiros, apenas nos olham, também, eles sim é que sabem das coisas! gatinhos gatões e paixões! Viva!

19:48  
Anonymous Anônimo said...

oi Elaine,

encontrei seu blog. Que bacana. Sempre quis escrever um... Mas me falta um tanto assim de coisa: talento, tempo, assunto...

Amei seu curso aqui em Belém, vc nem imagina, como mãe, o qto foi bom te ouvir.

Muitos beijos

Cristina Ferraz

01:08  
Blogger Lucas M said...

:) Queria estar sempre com esse estado de espirito de aprendizado e de estar aberto... mas talvez nem isso é ideal...
Beijinhos elaine...
Tem a manha!

18:46  

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